quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Em uma distância segura

Vou falar de um tema bem batido, principalmente no meio de estudantes de comunicação e, com certeza, de forma menos técnica, em muitas outras rodas de conversa.

O motivo pelo qual vou falar de um tema batido é que eu andei o
bservando outras perspectivas dele. O famoso "mais do mesmo".

Bom, muito se fala sobre a distancia que a tecnologia - principalmente as comunicacionais - criaram nas relações humanas.

As pessoas começaram a não passar na casa do compadre para um dedinho de prosa. Começaram a ligar para os telefones fixos. Diminui-se o olho no olho.

A mobilidade dos telefones e a agilidade que eles proporcionaram capitalizaram essa tendência.

O mundo digital veio com tudo e foi criando um espaço cibernético ilimitado.

Quem cresceu na minha geração lembra dos IRCs, chats UOL, ICQs, MSNs.... e por ai vai essa evolução.

Posso me lembrar de situações esquisitas desse tempo. Pessoas que estudavam no mesmo colégio que eu. Ficavam no mesmo recreio, no mesmo pátio e eu nem conversava com elas. Quando chegava em casa (depois da meia-noite por que a internet ainda era discada) batia altos papos, como se fôssemos melhores amigos. No outro dia, nos encontrávamos no recreio e, no máximo, davamos "oi" um para o outro.

Lembro também de um professor contando com ar de revoltado que, ao sair do colégio depois de um dia de aulas, viu duas meninas se encontrarem, dizerem "oi" e depois falarem uma para a outra:
- Nossa! Bom te encontrar! Ia falar pra você entrar no MSN! Corre lá e entra pra gente conversar!

E eu me pergunto. Por que não simplesmente colocarem os assuntos em dia ali mesmo. Trocar uma idéia cara a cara?

E daí vem as mídias sociais. Você não liga mais para combinar uma "pelada" com os amigos. Manda mensagem pelo Orkut...


...MAS...

...por outro lado as pessoas continuam conversando e mantendo contato com amigos de infância que ficaram na antiga cidade.

As pessoas fazem uma viagem internacional e mantém conversas diárias com os amigos que fez lá longe - vendo e ouvindo!

Você recebe no seu celular a foto da sua sobrinha que acabou de nascer e participa mesmo estando em outra cidade.

A vovó pode ensinar a recente mamãe a como dar banho na netinha por skype.

E o mais emocionante disso tudo. A internet se tornou o refugio dos tímidos.

Sabe aquelas pessoas tímidas que tem extrema dificuldade social e, graças à segurança que o computador dá a ele, o danado consegue fazer amigos, ser "cool" com as garotas e tudo mais?


O espaço das tecnologias comunicacionais, em especial a internet, se tornou o equilíbrio perfeito entre a distância encorajadora e a proximidade necessária. A distância segura!

Se vovó ficasse junto com a recente mamãe durante muito tempo na casa da recente mamãe, talvez começassem os conflitos mãe e filha, sempre normais, ainda mais quando a mãe quer ensinar a filha já criada a fazer as coisas. Agora, o skype dá o exato equilíbrio entre a ajuda da vovó, o sentimento de participação que a vovó quer ter e a possibilidade da recente mamãe desligar o skype se a vovó começar a encher o saco.

O nerd pode superar o seu nervosismo em frente à uma bela garota. Ele tem tempo para pensar e então responder.

Ele pode colocar suas fotos mais "cools" no orkut e "forjar" um estilo de vida atraente.

Afinal, como diz meu amigo, e grande gênio, Henrieque Gonçalves (http://vistadoobservador.blogspot.com/), estamos na era do "parecer". Se você consegue usar os meios para PARECER legal, então você SERÁ legal.

Da distância do Orkut ou do Facebook, uma distância segura, todo mundo pode ser mais legal do que realmente é.

E eu que tenho medo de expor minhas idéias em público estou aqui, na segurança de minha cadeira, falando o que penso para qualquer ser humano com acesso à internet e entendimento da língua portuguesa. Afinal, se alguém achar que estou falando algum absurdo o máximo que pode acontecer é eu receber algum comentário malcriado. Bom, pelo computador nem dói tanto assim.